Em março de 1939 um decreto presidencial autorizou à Comisão Nacional do Monumento à Bandeira para fazer chamada a concurso de planos e orçamento para a execução do tão desejado monumento.
O Concurso foi em se mesmo um acontecimento importante, não só pelo motivo convocante senão pelo nível técnico e artístico dos participantes.
Não terá sido fácil para o Jurado tomar uma decisão pois somente um podia ser elegido. Hoje, ademais, podemos ver depoimentos que nos mostram de que maneira o gênio criador do artista procura em cada uma das diferentes possibilidades a expressão mais clara, a representação mais perfeita, o melhor modo de transmitir o que sente.
As bases do Concurso estabeleceram os seguintes requisitos para os aspirantes:
- Só podiam intervir arquitetos e escultores argentinos ou estrangeiros com carta de ciudadania.
- Cada anteprojeto devia ser realizado pelo menos por um arquiteto e um escultor.
- O estilo, a interpretação ideológica e a técnica, ficavam sem restrições à inspiraçãoartística dos autores e exigia-se que os personagens e emblemas se ajustaram à realidade histórica.
- Deviam se utilizar preferentemente materiais argentinos.
- A produçãodas peças e esculturas deviam realizar-se íntegramente no país.
- Fixou-se uma quantia de $1.000.000.-m/n como máximo para sua realização.
- Cada anteprojeto devia apresentar-se com um plano do conjunto, da ubicação, acceso e jardinaria
do parque; planos dos frentes, das plantas e acompanhá-los com maquetes: uma do conjunto (monumento e parque) Esc. 1:200 e outra do monumento Esc. 1:25.
- Deviam apresentar um detalhe escultórico em gesso Esc. 1:2, de um motivo interessante.
- Cada anteprojeto se apresentaria sob um lema que resumisse sua proposta. Também se apresentaria uma memória descritiva.
- O prazo de apresentação finalizaria o dia 30/06/1940, às 16 hs. no local “que se apontasse oportunamente”.
O Jurado
OJurado estava composto por membros da Comisão Pro Monumento à Bandeira cujo Presidente era o Ministro do Interior, o Dr. Miguel Culaciati; um membro da Direção Nacional de Arquitetura, um membro da Academia Nacional da História -o Dr. Ricardo Levene-; um membro da Academia Nacional de Belas Artes e um representante da Comisão Nacional de Cultura.
A desição do jurado leva a data 22 de setembro de 1940.
Os projetos
Primeiro Prêmio - LemaINVICTA
ARQUITETOS: Alejandro Bustillo, Angel Francisco Guido. ESCULTORES: Alfredo Bigatti, José Fioravanti.
SIMBOLOGIA: A obra em seu conjunto simboliza a nave da Pátria sulcandoas águas do mar da eternidade na procura de um destino glorioso. Através dos diferentes conjuntos escultóricos se representam valores econômicos, espirituais, históricos, geográficos e telúricos da nossa nação.
Segundo Prêmio - Lema SANTUÁRIO DA PÁTRIA
ARQUITETO: Antón Gutiérrez e Urquijo. ESCULTOR: Cesar Sforza.
SIMBOLOGIA: O monumento foi criado como um santuário no qual se faz culto à Pátria de três formas representadas pelo sentimento de elevação a Deus(plano vertical-torre agulha), a comunidade (plano horizontal-pátio cívico), o de recolhimento espiritual expressado em profundidade por uma cripta museu que guarde as bandeiras históricas.
Terceiro Prêmio - LemaALTAR DA PÁTRIA
ARQUITETOS: Mario Roberto Alvarez, Macedonio Oscar Ruiz. ESCULTOR: Julio Cesar Vergottini.
SIMBOLOGIA: O monumento foi concebido como um altar monumental servindo de marco ao grande mastro, já que a Bandeira é o elemento principal da Homenagem: “A Bandeira Argentina é uma forma poética, um monumento em sua homenagem deve ser reflexo de sua atrativa ligeireza”.
Quarto Prêmio - Lema AGORA DOREA
ARQUITETOS: Ermete de Lorenzi, Vicente Otaola, Aníbal Rocca. ESCULTORES: Gonzalo Leguizamón Pondal, Carlos de la Cárcova.
SIMBOLOGIA: O monumento forma no seu conjunto um templo, cujos elementos, de inspiração clássica, concorrem a enaltecer o conteúdo espiritual da Bandeira, insígnia condutora e compêndio da nacionalidade. Primeira Menção - Lema ALTAR E MUSEU
ARQUITETO: Carlos Navratil. ESCULTOR: Osvaldo Alberto Carlos Lauersdorf
SIMBOLOGIA: Monumento que expressa com grandeza e simplicidade o acontecimento histórico da criação da Bandeira, atravéz de uma torre que a representa e como única imagem escultórica a Pátria. Na frente curva um baixo-relevo conta a história desde a conquista até nossos dias e o desenvolvimento da vida nacional e seus progressos.
Segunda Menção - Lema PROA
ARQUITETOS: Roberto Benito Gilardón, Daniel Igartúa, Mauricio Repossini, Alberto Siperman. ESCULTOR: Bartolomé Tasso.
SIMBOLOGIA: Representar idealmente a Bandeira, como símbolo permanente da nossa nacionalidade, no mesmo sítio que fosse içada pela primeira vez, em forma conjunta, os ideais que ela cobiça, como genuína expressão de Liberdade, Paz, Trabalho e Justiça.
Terceira Menção - Lema DELTA
ARQUITETO: Francisco Squirru. ESCULTOR: Juan Francisco Finochiaro.
SIMBOLOGIA: A alegoria principal representa a Nação em progresso,dirigida pela figura da Pátria, erguendoa tocha do Progresso e sob a proteção da Bandeira Nacional. Um alto-relevodestaca a figura do Gral. Belgrano arvorando o Pavilhão no forte das barrancas e sob a advocação da Virgem do Rosario. Espaço onde assistirão os argentinos para homenagear aos criadores da Nacionalidade e jurar pela vontade de perpetuar a Grandeza e Liberdade da nossa terra.
Lema AGORA
ARQUITETOS: Hilarión Hernández Larguía, Juan Manuel Newton. ESCULTOR: Lucio Emilio Fontana. SIMBOLOGIA: Projeto que contempla a figura de uma mulher com gorro frigio como símbolo da nossa nacionalidade. Estão representadas as baterias Liberdade e Independência, bem como acontecimentos históricos representativos da Revolução de Maio e a Declaração da Independência. Um grupo escultórico conformado por uma figura humana e dois cavalos, representa ao homem que nos conduz ao alto destino de uma aspiração superior.
LemaAZULCLARO E BRANCO
ARQUITETOS: Hilarión Hernández Larguía, Juan Manuel Newton. ESCULTOR: Lucio Emilio Fontana. SIMBOLOGIA: O mastro, termina com um sol sobre o qual se levanta a haste da bandeira. O grupo escultórico correspondente à base do mastro, está conformado por dois cavalos alados queescoltam à figura da República simbolizando a Nação em ação de marcha.
Lema INSIGNIA
ARQUITETO: Angel Gasparutti. ESCULTOR: Roberto Braeckman.
SIMBOLOGIA: O lugar sagrado de culto à Bandeira da Pátria. Templo civil aberto à luz e à vida, à liberdade e o respeito, que reflexa a marcha histórica da nova e gloriosa Nação, no seu significado social e político todo. Lema EPOPÉIA
ARQUITETO: Jorge Suáres Araujo. ESCULTOR: Pablo Tosto.
SIMBOLOGIA: Representa os fatos históricos que prepararam o momento da criação e jura da Bandeira, assim como também um altar para acustódia daInsígniaPátria. O grupo frontal representa a Jura da Bandeira, com a figura equestre do Gral. Manuel Belgrano segurando a bandeira no alto e os soldados e o povo jurando-a.
Lema ALTAR DA PÁTRIA II
ARQUITETO: Adrián D. Locati. ESCULTOR: Juan Zuretti.
SIMBOLOGIA: O anteprojeto, cria uma composição de grandes escadarias que dão um grandioso realce ao templo monumental, é um conjunto integrado por três partes bem definidas, que harmonizamem lógica correlação entre sí. É considerado por seus autores de um significado fortemente emotivo e simbólico.
Idéia de Angel F. Guido e Alejandro Bustillo.
Os autores do projeto, os arquitetos Alejandro Bustillo e Angel F. Guido e também os escultores Alfredo Bigatti e José Fioravanti, apresentaram ante o Jurado do Concurso de Anteprojetos, segundo o requeriam as bases, uma Memória Descritiva, a qual expressava todo o significado da obra. Muitos aspectos dos planos e maquetes apresentadas tiveram de ser modificadas em função dos fundos disponíveis e mudanças nos detalhes técnicos que a Comisão Pro-Monumento sugeriu aos ganhadores.
MEMÓRIA DESCRITIVA-Lema “Invicta”-IDEOLOGIA
Em homenagem, daqui a pouco teremos de explicar em poucas palavras a ideologia sustentada em nosso trabalho que apresentamos sob o lema “Invicta”.
Os versos que servem de prólogo a esta memória contêm -apertadamente- o lírico simbolismo do monumento.-“Ideal caravela”, expressamos com a proafendendo os gigantes Oceanos da América. Como poderá se inferir tem implícita nisto, a idealização monumental da geografia. Expressão miguelangelesca –podería-se dizer- do mapa geográfico da nossa Argentina.-
À Atlántida –porto e estrela- expressamos. Quer dizer, à Quimera americana, para a formação de um povo auténticamente Americano, livre da hegemonia espiritual da Europa. A proa vigorosa e ágil, objetiva plásticamente, ogesto do nosso sonho argentino, que é também o da América toda.- A Pátria Embaiderada,ao gurupés é a cristiana mensageira -a cruz por mastro- daquele generoso ideal que herdamos da nossa admirável história pátria.-
“A todos os portos da terra” ancoraráa mensagem de heróica liberdade, de justiça Humana”. Mensagem profundamente argentino repetimos e tomara que urgente nestes momentos difíceis do mundo.- Eis aqui, em poucas frases, o simbolismo fundamental do Monumento à Bandeira que –não podia ser outra coisa- é também Monumento à Pátria.